domingo, 3 de agosto de 2014





 Como é ter Parkinson e ser Brasileira?

Existe uma grande diferença com Parkinson no Brasil. Existem as pessoas informadas, que tem Planos de Saúde ou são atendidas pelo SUS e, bem ou mal, são diagnosticadas e minimamente medicadas. E existem as outras pessoas que, por falta de atendimento adequado, sequer tem um diagnóstico correto.
 Para começar, aqui na terra do carnaval, o Estado não cumpre seu papel, ajudando os portadores de doenças crônicas e/ou degenerativas a terem dignidade. O governo fornece apenas remédios genéricos, muitas vezes com atrasos de até 04 meses e também não atua com seriedade na regulamentação dos planos de saúde. Os planos de saúde brasileiros limitam a quantidade de sessões de fisioterapia e fonoaudiologia e não oferecem cobertura para atividades fundamentais à manutenção da qualidade de vida do doente, tais como a hidroterapia ou o Pilates, que é fundamental. Geralmente oferecem RPG, que não atende as nossas necessidades.
 Algumas classes sociais podem pagar  pelos tratamentos  multidisciplinares essenciais à manutenção das funções fisiológicas, à vida social e a autoestima do paciente de PK, porém, existem pessoas que nem os remédios podem adquirir. Passam todo tipo de privações e quem costuma ajudar são Associações de Parkinson que, via de regra, não recebem um tostão do Estado.
Para o paciente de PK, assim como para outros doentes no Brasil, tudo é limitado: A oportunidade de tratamentos, a acessibilidade nas ruas e logradouros públicos e privados, até mesmo a aceitação de que o parkinsoniano é um deficiente físico, pois tem limitações em sua locomoção e até mesmo dificuldades em permanecer por muito tempo de pé, em filas por exemplo. (em estágios mais avançados). Para quem desconhece existe uma lei que beneficia portadores de deficiência física com vagas diferenciadas em estacionamentos públicos. Segundo uma neurologista de Paulínia o Parkinsoniano é considerado deficiente físico. Triste porém, real.
      Hoje vemos pacientes diagnosticados com 28, 30 anos de idade e a sociedade os veem como aproveitadores quando querem usar uma fila de atendimento especial.
      Os mais esclarecidos lutam por seus direitos enquanto aqueles, menos dotados de conhecimento, acabam refugiando-se em seus lares, sem coragem de sair à rua para não serem humilhados.
      É preciso acabar com isso. Os governos, em todos os níveis precisam ser pressionados para que os parkinsonianos possam se tornar cidadãos de verdade neste país. É preciso que haja campanhas de conscientização, a informação e, sobretudo, o respeito, tanto das autoridades quanto dos demais cidadãos.  Afinal, nós somos tão cidadãos quanto quaisquer outros e o dinheiro dos nossos impostos é igualmente valioso. Eu me pergunto: Como será que se sentem as mulheres parkinsonianas do resto do mundo?
Fica aí a pergunta para reflexão.


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