OITO HÁBITOS PARA TRATAR OS SINTOMAS DO PARKINSON
Atividades facilitam a realização de movimentos e diminuem a tremedeira
Publicado em 4/4/2012 por Carolina Gonçalves
Movimentos
mais lentos, tremedeira, dificuldades para caminhar, se alimentar e se vestir.
Tudo isso é resultado do Mal de Parkinson, uma disfunção na área do cérebro responsável
pelos movimentos, principalmente os chamados automáticos, que são aqueles que
fazemos sem pensar - como respirar, andar ou levantar de uma cadeira. A
fisioterapeuta, especializada em reabilitação neurológica Mariana Vulcano
Siqueira, da Associação Brasil Parkinson, explica que essas tarefas são as mais
difíceis para o portador da doença. "Entretanto, com a realização de alguns
exercícios e atividades simples é possível melhorar o convívio do paciente com a
doena", diz.
No Dia Mundial do Parkinson (11 de Abril), uma série de especialistas indicam os hábitos que podem ajudar o paciente a executar tarefas diárias com mais independência e até mesmo prevenir outras complicações da doença. Vale ressaltar que as recomendações são mais eficientes se forem seguidas quando o diagnóstico ainda é recente.
Para que o
paciente com Parkinson possa executar movimentos automáticos, é necessária a
prática de diversos exercícios diários. O objetivo desse treino é fazer com que
o movimento passe a ser feito de maneira consciente, e não mais automática. A
fisioterapeuta da Associação Brasil Parkinson explica que o portador da doença
deve passar a fracionar os movimentos, prestando atenção em cada gesto. "Para
ele não é mais simplesmente andar, é levantar uma perna, colocá-la para frente,
depois levantar a outra perna e assim por diante", diz.
Mariana explica que podem ser usadas pequenas pistas tanto visuais quanto auditivas na hora de executar uma tarefa. "É possível riscar várias linhas no chão, de forma que o paciente pule cada uma delas quando for andar, assim como podemos fazer uma contagem para cada movimento", diz. Ela afirma que essas pistas são uma forma de substituir a função automática por uma função consciente. "Pular a faixinha ou contar o passo faz com que o paciente se conscientize da tarefa, executando-a com mais rapidez e facilidade."
2. Tai Chi
Chuan
Um estudo
desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa de Oregon (EUA), feito com 195 pessoas,
mostrou que os movimentos do tai chi
chuan podem ajudar a reverter alguns dos sintomas físicos da doença de
Parkinson. A prática do exercício duas vezes por semana durante 60 minutos
ajudou os pacientes a manter o equilíbrio e fazer movimentos com mais precisão.
O fisioterapeuta Frederico Brant, da Academia Rio Sport Center, afirma que o tai chi chuan promove mobilidade, equilíbrio e estabilidade aos portadores de Parkinson. Esse conjunto de habilidades acaba gerando mais autonomia para execução das atividades diárias e diminuindo o risco de quedas. "O tai chi tem exercícios que envolvem grandes amplitudes de movimento e estabilidade postural, servindo como ferramenta de combate aos sintomas da doença", diz Frederico.
Um estudo realizado pela Universidade de Illinois, na cidade de Chicago, afirma que fazer musculação durante uma hora, duas vezes por semana, pode melhorar a coordenação motora de pessoas com Parkinson. De acordo com o personal trainer Juliano Farah, gerente de musculação da Cia. Athletica de Brasília, as consequências geradas pela doença incluem perda e redução da força muscular, além da rigidez dos músculos. "A musculação consegue reverter esses problemas e melhorar a estabilidade da caminhada. A postura também ganha alinhamento", afirma.
Para Juliano,
a frequência e intensidade do exercício dependem do grau da doença e o trabalho
físico de pacientes com Parkinson deve ser realizado em parceria com o
neurologista que acompanha o caso. "Se o programa incluir exercícios com
aparelho, o ideal é buscar aqueles com mais conforto e apoio para o corpo, como
bicicletas ergométricas máquinas de musculação, em vez de pesos
livres."
Em fases mais
avançadas da doença, o paciente pode ter dificuldades em desenvolver a
motricidade fina, que são os movimentos precisos, como abotoar uma camisa,
escrever ou pegar coisas usando apenas dois dedos. De acordo com a
fisioterapeuta Mariana, a prática do origami estimula a motricidade e dá mais
precisão aos movimentos, tornando essas atividades mais fáceis. "Também podem
ser feitos outros exercícios específicos para a motricidade fina, como apertar
um pregador ou envolver as mãos em um elástico e fazer movimentos de abrir e
fechar", afirma.
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5. Trabalhar a
fala
O paciente com
Parkinson pode apresentar dificuldade para engolir e alterações na fala, como a
gagueira. A fonoaudióloga Arminda Sarpa, coordenadora do setor de Fonoaudiologia
da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, explica que podem ser
feitos exercícios para coordenar a respiração e a fala do paciente a fim de que
ele supere essas dificuldades. Aulas de canto e leitura em voz alta, com a
orientação de um fonoaudiólogo, também são úteis para superar dificuldades
orais.
Existe também
um aplicativo para iPhone e Android chamado DAF Assistant, que
funciona como uma espécie de eco - você fala no dispositivo e ele te retorna o
mesmo áudio atrasado em uma fração de segundo. Isso dá a impressão de que o
paciente está falando junto de outra pessoa e ajuda na fluência. O aplicativo
custa 12,99 dólares para os dois sistemas e pode ser comprado nos links:
6.
Ginástica
facial
Outro fenômeno
comum da doença de Parkinson é a perda de expressão facial, resultado da rigidez
muscular. De acordo com Arminda Sarpa Nesses, exercícios como os da ginástica
facial podem ajudar o paciente na recuperação dos movimentos das sobrancelhas ou
boca.
7. Exercitar a
mente
O paciente com
Parkinson pode apresentar problemas de memória e raciocínio. Segundo o
neurologista André Lima, da Academia Brasileira de Neurologia, existe até um
distúrbio chamado demência parkinsoniana, que é resultado de uma mente com
Parkinson pouco estimulada. "Por isso é importante trabalhar a mente do paciente
com Parkinson com jogos, aulas de música e leitura, por exemplo", diz André.
Nesses casos, a atividades podem ser diárias e de acordo com a preferência ou
aptidão do paciente.
8. Convívio social
Em decorrência
das limitações físicas que se desenvolvem progressivamente, o portador de
Parkinson pode sofrer um abalo psicológico e até apresentar um quadro de
depressão. "Para evitar a apatia no paciente, é recomendado que ele continue a
fazer todas as atividades de antes, mesmo demorando um pouco mais de tempo",
afirma o neuropsicólogo, especialista em idosos, Alexandre Monteiro, do Rio de
Janeiro. "Manter a autoestima também é um fator positivo para evitar ou combater
a depressão, e é importante que ninguém force o paciente a fazer atividades que
não o agradem ou exigir velocidade na execução das tarefas", diz.
Atividades
manuais como pintura, cerâmica e artesanato podem ser benéficas e minimizar o
desgaste emocional. "Isso porque a área cerebral responsável pela concentração
para realizar estas tarefas é a mesma área que provoca os tremores, se esses
neurônios são desafiados, o sintoma que caracteriza o Parkinson pode diminuir",
afirma Alexandre. Além disso, conversar com familiares, amigos ou mesmo um grupo
terapêutico podem ajudar pacientes que têm vergonha de sua condição. "Grupos de
apoio e palavras de carinho podem não alterar a progressão de perdas funcionais,
evitam o desenvolvimento de doenças oportunistas, como a depressão.
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